quarta-feira, 29 de abril de 2009

Hora de pensar no futuro


Peter não conseguiu fazer mais nada desde a última discussão com seus pais horas antes do jantar. Estava possesso, furioso. Encolhido no canto de sua cama, sem camisa, com sua bermuda surf, remoia seus pensamentos.
“Caramba! A mania de querer determinar minha vida me deixa entediado. Estou cansado de ouvir a ‘verdade absoluta’ que sai da boca de meus pais. Tenho culpa de pensar de modo diferente? Será que aquele casal de velhos não entende que somos de gerações diferentes? Que pensamos de modo diferente? Que não tenho culpa de ter nascido, ou melhor dizendo, não me lembro de ter pedido para nascer? Será que não entendem que se tivessem resolvido não trepar nove meses antes de eu nascer, não teriam problemas hoje? Nietzsche tinha razão ao declarar que ‘os pais tem muito a fazer para reparar o fato de terem filhos’. Resolveram ter um filho? Agora que aguentem! Não tenho culpa nenhuma nessa história. Só nasci e pronto. Faltou malícia por parte do papai e da mamãe quando decidiram ter um filho. Idealizaram um filho perfeito, e eu, inocentemente fugi das expectativas próximas da perfeição. Eu gostaria que meu pai ou minha mãe, ou os dois, já que ambos tinham a mesmíssima responsabilidade, houvessem refletido sobre o que estavam fazendo quando decidiram me conceber. Não sou culpado por estar longe da perfeição.”
Neste momento, interrompendo os pensamentos do rapaz, o velho pai abre a porta do quarto, fita o filho triste encolhido na cama a mascar um chiclete e diz com uma voz serena:
- Filho... podemos conversar? Será que não é hora de pensar um pouco e com cuidado sobre seu futuro? Que tal pensar sobre o que é necessário fazer de hoje em diante? Acho que poderia muito bem cortar esse cabelo, criar um pouco de responsabilidade e arrumar um emprego decente. Sabe filho, o que me preocupa é que em duas semanas é seu aniversário, você vai completar quarenta e dois anos, e acho que você precisa pensar no futuro...

3 comentários:

  1. Rsrss... muito engraçado! O texto parece sério até o desfecho quando a gente pensa: - Não acredito que o Edu me fez ler isto! KKKKKKK

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  2. fiz você ler isto. este é o primeiro texto que produzi com a intenção de apelar para o humor. se gostou e riu, obrigado. foi minha intenção. abraços.

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  3. Cara essa é minha história!!
    Valeu Beavis!!

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